segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Os sertões

 

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Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro de 1866. Foi escritor, professor, sociólogo, repórter jornalístico e engenheiro, tendo se tornado famoso internacionalmente por sua obra-prima, “Os Sertões”, que retrata a Guerra dos Canudos.

Em 1888, quando cursava a Escola Militar, desacatou o Ministro da Guerra do império e foi expulso. Após a Proclamação da República, reingressa na carreira militar, desligando-se pouco tempo depois, por discordar dos rumos tomados pelo governo republicano. Em 1897, é enviado para cobrir a Revolta de Canudos na Bahia, pelo jornal O Estado de São Paulo. Sua experiência intensa vivenciada nesses dias faz o autor escrever um grande livro, Os Sertões, publicado em 1902.
Apesar da visão determinista, Euclides da Cunha é considerado um pré-modernista que denuncia a realidade brasileira, mostrando as verdadeiras condições de vida do Nordeste brasileiro. Segundo ele, A Campanha de Canudos torna-se símbolo dos erros cometidos pela República, ao avaliar os problemas nacionais. A revolta foi considerada um foco monarquista e, na verdade, foi uma luta contra antigas estruturas de governo.
O livro Os Sertões divide-se em três partes: a Terra, o Homem e a Luta.
Em a Terra há uma completa descrição da região com seu clima, relevo e geografia. Percebe-se que o autor possui formação em Ciências Naturais. Em o Homem, ele enfatiza todo um processo de miscigenação, o ser humano em seu meio e a influência desse meio na vida dessas pessoas. Mostra contrastes entre um Brasil parasita à beira do Atlântico e um outro Brasil de extraordinários brasileiros, os sertanejos. Em a Luta surge, então, o conflito. Ele é a verdadeira denúncia de um crime, no retrato fiel do cotidiano de uma guerra. Para Euclides da Cunha o sertanejo é um forte, valente, destemido. É a sub-raça do sertão, o jagunço que não se abate fácil diante das adversidades. O representante fiel do sertão cearense é o personagem Antônio Conselheiro que mostra todo o seu meio e denuncia todas as agruras do sertanejo, aquele que se sente um estrangeiro em plenas terras brasileiras.
Enfim, Os Sertões é uma obra pré-modernista com informações históricas e científicas, uma interpretação da realidade brasileira. Busca compreender o meio áspero da vida do jagunço nordestino, denuncia uma campanha militar que investia contra o fanatismo religioso que chegava com a miséria e o abandono do sertanejo. O autor é o símbolo do compromisso com os problemas de seu tempo.

 

Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da República, mostra o descaso dos governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas que reivindicavam melhores condições de vida ( mais empregos, justiça social, liberdade, educação etc), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que lutavam por direitos sociais e melhores condições de vida.